É no arquipélado das ilhas Aran que se produz um dos mais belos e característicos tipos de tricô conhecidos, o "Fisherman Gansey", ou seja, o "suéter dos pescadores".
Ficou assim conhecido não só por ser usado por estes, mas por ser TRICOTADO pelos próprios pescadores.
A necessidade surgiu para protegerem-se do frio quando enfrentam o mar durante a pesca.
Lembrando que o clima, em grande parte do ano, é extremamente severo na região; ventos, mar agitado e frio, muito frio.
Esta é a gravura que representa a tradição do tricô; a família tricota unida, jovens cuidam das ovelhas enquanto tricotam e as pessoas tricotam em todos os lugares, até mesmo andando na rua.
Não se sabe, ao certo, quando se iniciou essa que se tornou a tradição local, mas há cerca de cinco séculos atrás, têm-se os primeiros registros dessa "Arte dos Pescadores das Ilhas Aran" que subsiste até nossos dias.
Alguns historiadores recusam-se a admitir que o tricô tenha sido adotado antes do ano de 1900 (início do século XX) mas há registros de que nos anos de 1700 já se tricotava na região. Há uma lógica histórica, visto que os pescadores precisavam proteger-se do frio; a necessidade certamente foi a grande alavanca dessa arte.
Porém, esses desenhos não eram aleatórios, mas tinham um significado que foi a principal característica do tricô irlandês, naqueles tempos; identificavam o pescador e sua família (também chamada de "Clã"), pois nenhum suéter possuía desenhos repetidos.
Os suéteres são tecidos em lã pura, em cor cru ou azul marinho/marrom. São tricotados com diversos tipos de trançados, losangos, ziguezagues, folhas, flores, espigas, cordas com nós, "diamantes" (losangos em relevo, preenchidos ou não por outros motivos) e arabescos.
Segundo alguns historiadores, por ser uma população formada por pescadores pobres
sem instrução formal, os distintos desenhos identificavam os mortos encontrados no mar, sabendo-se a qual família pertencia.
Os suéteres, aliás, possuíam uma identificação particular para cada membro da família, podendo-se até
saber, com exatidão, de quem era o corpo.
Os desenhos eram, na verdade, símbolos do dia a dia dos pescadores:
as cordas (tranças) e os nós, representavam a cordoalha das embarcações. Flores, folhas, espigas, enfim, do
que os fizessem lembrar (quem sabe?), das ilhas e da família, e os animasse na lida diária, uma forma de sentirem-se "em
casa".
Os ziguezagues normalmente simbolizavam os caminhos, as trilhas
que levavam até suas casas ou os caminhos existentes nas ilhas. Os suéteres, aliás, passavam de geração
a geração, sendo consertados para que futuros membros do clã os pudessem usar.
Com o passar dos anos, algumas famílias foram progredindo e os desenhos dos suéteres passaram a representar "status" entre os membros da comunidade, uma espécie de "brasão" da família, estendendo-se também como uniforme para práticas esportivas.